Uma semana complicada!
Talvez pelas plantões em grande número nesse feriado-fim de semana, talvez pelas poucas horas de sono, talvez porque me sinto gorda, feia, me sinto humana... Semana complicada!
A semana mal começou e já estou na expectativa para o fim de semana, descansar, curtir o aconchego da casa, ficar fantasiando infantilmente que as coisas vão melhorar, e que o sol vai brilhar mais forte amanhã, que a vida vai ser boa, que as pessoas serão mais gentis, que os pacientes ficarão melhores e irão para suas casas. Fantasiando coisas que não acontecem tão frequentemente, mas que sempre acredito que irão acontecer, penso firmemente nelas no impulso positivo de que as coisas dependem apenas da minha boa vontade. Que bobagem.
Dona Gessi* piorou, sente dores, não consegue comer, vomita muito. Hoje, ela vomitou sangue e chorou - vou morrer, pensou. Ando de um lado para o outro da enfermaria pensando em como poder ajudar, mas nem tudo depende de mim, não é fácil admitir que nem sempre as coisas dependem de ti. Eu sei o que tem que ser feito, mas o sistema não funciona por pensamentos, funciona com números, com vagas em UTIs e horários de anestesistas, médicos clínicos, cirurgiões, enfermeiros. Todos trabalhando por um mesmo objetivo. Será?
Pergunto o que será de mim daqui uns anos, será que as minhas velhas bandeiras também estarão em caixas, escondidas no porão? Será que o desânimo dessa terça feira será fato consumado de todos os dias da minha semana?
Não quero me deixar estacionar pelo medo, pela insegurança do risco, pela burocracia. Quero ir além dos papéis e dos livros, quero construir, quero vida!
Até quando?
Até quando?
* Nome fictício, para proteger a verdadeira identidade da paciente por questões lógicas.
A semana mal começou e já estou na expectativa para o fim de semana, descansar, curtir o aconchego da casa, ficar fantasiando infantilmente que as coisas vão melhorar, e que o sol vai brilhar mais forte amanhã, que a vida vai ser boa, que as pessoas serão mais gentis, que os pacientes ficarão melhores e irão para suas casas. Fantasiando coisas que não acontecem tão frequentemente, mas que sempre acredito que irão acontecer, penso firmemente nelas no impulso positivo de que as coisas dependem apenas da minha boa vontade. Que bobagem.
Dona Gessi* piorou, sente dores, não consegue comer, vomita muito. Hoje, ela vomitou sangue e chorou - vou morrer, pensou. Ando de um lado para o outro da enfermaria pensando em como poder ajudar, mas nem tudo depende de mim, não é fácil admitir que nem sempre as coisas dependem de ti. Eu sei o que tem que ser feito, mas o sistema não funciona por pensamentos, funciona com números, com vagas em UTIs e horários de anestesistas, médicos clínicos, cirurgiões, enfermeiros. Todos trabalhando por um mesmo objetivo. Será?
Pergunto o que será de mim daqui uns anos, será que as minhas velhas bandeiras também estarão em caixas, escondidas no porão? Será que o desânimo dessa terça feira será fato consumado de todos os dias da minha semana?
Não quero me deixar estacionar pelo medo, pela insegurança do risco, pela burocracia. Quero ir além dos papéis e dos livros, quero construir, quero vida!
Até quando?
Até quando?
* Nome fictício, para proteger a verdadeira identidade da paciente por questões lógicas.