Tragédia burocrática
Dia 19 de abril, 19h, ocorre um acidente na estrada de Rancho Queimado, cidade localizada nas proximidades de Florianópolis, capital do estado. Chego no hospital dez minutos antes do início do plantão, a tempo de ajudar no atendimento de um garoto de menos de 18 anos que caiu de skate e cursou com diminuição do nível de consciência e agitação psicomotora, seguido de um coma induzido e transferência para a UTI.
A dúvida da junta, e o burburinho geral era o fato do moleque ter ou não usado alguma droga, já que ele estava "agitado" demais segundo a equipe. No entanto, é sabido de todos que os hematomas gerados em episódios de TCE pode, e cursam, com diminuição do nível de consciência e agitação psicomotora... Por que então muitos faziam questão de indagar uma suposta intoxicação exógena?
Essa história se prorrogou por muitos dias, o menino estava com hematoma e sofreu procedimento cirúrgico, quando então cursou com melhora do quadro e pode sair da UTI.
Minutos depois do atendimento ao menino ouvi uma estagiária comentar que havia ocorrido um acidente em Rancho Queimado com um ônibus de turismo Argentino, e muitos passageiros viriam para o nosso hospital receber o atendimento.
Perto da meia noite foram chegando as primeiras vítimas do acidente. Duas horas antes já estavam todos na porta, paramentados com luvas, aventais, óculos, inclusive o staff (médico que só vemos 1 vez na vida e outra na morte)...
As vítimas chegaram.
Parecia um circo, todo mundo tão prestativo e trabalhando.
Nada de grave, a não ser um paciente com luxação e fratura de quadril e joelho direito.
Algumas suturas, muitas contusões e hematomas; nada digno de nota aqui, muito menos educativo. Esperávamos ver acidentados graves, mas o que vimos foi um show de ralados!
O diretor clínico do hospital andava pra cima e para baixo anotando nomes, com tanta delicadeza, cheio de sorrisos para nós, cheio de boas noites para todos os pacientes. Havia representantes da embaixada pelos balcões, com folhas e mais folhas de protocolos... Uma verdadeira palhaçada, já que aquilo ali era um hospital, pelo menos até aquele dia, e não um balcão de burocratas...
O staff não nos deixava dar 1 ponto sem a presença do residente ou dele próprio do nosso lado. Isso fez com que o trabalho se alongasse madrugada a dentro.
Hora de dividir os horários.
Peguei o 1o horário, atendemos alguns pacientes que chegaram, acidentes domésticos, acidentados de motocicleta. Fizemos todo o atendimento sozinha, eu e minha dupla.
Por que diabos agora nãe era necessária a supervisão?
Nessas horas eu queria ter nascido na Argentina!
A dúvida da junta, e o burburinho geral era o fato do moleque ter ou não usado alguma droga, já que ele estava "agitado" demais segundo a equipe. No entanto, é sabido de todos que os hematomas gerados em episódios de TCE pode, e cursam, com diminuição do nível de consciência e agitação psicomotora... Por que então muitos faziam questão de indagar uma suposta intoxicação exógena?
Essa história se prorrogou por muitos dias, o menino estava com hematoma e sofreu procedimento cirúrgico, quando então cursou com melhora do quadro e pode sair da UTI.
Minutos depois do atendimento ao menino ouvi uma estagiária comentar que havia ocorrido um acidente em Rancho Queimado com um ônibus de turismo Argentino, e muitos passageiros viriam para o nosso hospital receber o atendimento.
Perto da meia noite foram chegando as primeiras vítimas do acidente. Duas horas antes já estavam todos na porta, paramentados com luvas, aventais, óculos, inclusive o staff (médico que só vemos 1 vez na vida e outra na morte)...
As vítimas chegaram.
Parecia um circo, todo mundo tão prestativo e trabalhando.
Nada de grave, a não ser um paciente com luxação e fratura de quadril e joelho direito.
Algumas suturas, muitas contusões e hematomas; nada digno de nota aqui, muito menos educativo. Esperávamos ver acidentados graves, mas o que vimos foi um show de ralados!
O diretor clínico do hospital andava pra cima e para baixo anotando nomes, com tanta delicadeza, cheio de sorrisos para nós, cheio de boas noites para todos os pacientes. Havia representantes da embaixada pelos balcões, com folhas e mais folhas de protocolos... Uma verdadeira palhaçada, já que aquilo ali era um hospital, pelo menos até aquele dia, e não um balcão de burocratas...
O staff não nos deixava dar 1 ponto sem a presença do residente ou dele próprio do nosso lado. Isso fez com que o trabalho se alongasse madrugada a dentro.
Hora de dividir os horários.
Peguei o 1o horário, atendemos alguns pacientes que chegaram, acidentes domésticos, acidentados de motocicleta. Fizemos todo o atendimento sozinha, eu e minha dupla.
Por que diabos agora nãe era necessária a supervisão?
Nessas horas eu queria ter nascido na Argentina!