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quinta-feira, 26 de novembro de 2009

Saúde da Família

Muito se fala sobre a estratégia de assistência primária brasileira em todo mundo - a Estratégia Saúde da Família. O que mais intriga os estrangeiros, com certeza é a alta resolutividade que se tem através desse modelo, já que através a atenção primária em saúde (APS) em geral, espera-se uma resolutividade de aproximadamente 80%, e destes, apenas 3 a 5% irão necessitar de cuidados dos níveis secundários e/ou terciários dos setores de saúde.

A formação do médico brasileiro, com certeza, tem muito a influenciar sobre a qualidade dos serviços prestados em APS; já que não é segredo algum que a grande maioria dos médicos recém formados e/ou sem residência médica procuram vagas nos centros de saúde pelo Brasil afora, em busca de sua 1a oportunidade de trabalhar.

Apesar de todo o burburinho que se fez em torno das mudanças das diretrizes curriculares dos cursos da área da saúde em geral, qualquer um que conviva diariamente no modelo pode perceber que pouco mudou, de fato, na formação acadêmica.
Os alunos podem ter acesso a currículos integrados em saúde, com blocos de conhecimentos modulares, onde os alunos tem a interação com a comunidade através da rede pública de centros de saúde como eixo integrador. No entanto, no dia a dia do estudante, ele continua tendo aula com especialistas, que podem saber muito da medicina que aprenderam, mas sabem muito pouco de Saúde da Família - aqui me refiro a estratégia em si, suas origens, objetivos e toda a subjetividade e riqueza de conteúdos e formas pertencentes ao modelo.

Seguimos, dia a dia, num processo incessante de construção e reconstrução curricular; mas uma coisa digo e repito - enquanto os formadores de opinião não puderem acreditar no próprio sistema para o qual trabalham, jamais mudaremos o molde médico-centrado.

Criar especializações de saúde da família pode ser ótima estratégia no intuito de fazer educação continuada dos profissionais que trabalham e se interessam por essa área, mas com certeza é um péssimo instrumento para formação de médicos de família! Sim! Péssimo!

Digo e repito, para que se torne doloroso aos ouvidos e olhos - péssimo!

O médico de família é o indivíduo que trata do indivíduo como um ser individual, que convive e se relaciona em uma comunidade, sendo o seu grupo mais perto, chamado de família, e é através da família que a estratégia se faz, trabalhando propósitos coletivos e individuais, concomitantemente, tendo na família, paciente e aliada do processo de melhoria da qualidade de vida e assistência à saúde.

Criar um porcaria de um especialista não é a saída pra ter melhor atendimento em saúde da família. Criaremos mais um bando de elitistas, "sangue azul", como sentem-se os demais colegas meus de classe... Porque muitos, se acham os únicos capazes de atender as famílias... acham-se seres superiores, quando na verdade, bom senso, técnica e trabalho em equipe são as respostas que precisamos.

Continuarei falando de saúde, de agora pra frente...
Fiquem a vontade para comentar.

AQUI, SOMOS ABERTOS ÀS OPINIÕES DIVERGENTES E PODEMOS CONSTRUIR CONCEITOS NOVOS, DESDE QUE TENHAM BOA ARGUMENTAÇÃO E EDUCAÇÃO, SEM DEMAGOGIA, OK?!

grande abraço!

3 Comentários:

  • essa frase resume tudo
    "... bom senso, técnica e trabalho em equipe são as respostas que precisamos."

    Muito bom

    Por Blogger Leandro, às 26 de novembro de 2009 às 18:07  

  • O texto é muito bem sucedido na análise que faz dos pontos fracos do atual modelo de ensino. Sou aluno de medicina da UFPR e, embora o intuito dessa instituição seja de "formar médicos generalistas" (segundo os próprios coordenadores do curso), na prática o que se vê é um ensino médico cada vez mais fragmentado e especializado. Discordo, no entanto, da crítica aos programas de residência em Saúde da Família. Vejo esses programas como a única saída frente a nossa formação "especialicista". Tive a oportunidade de conhecer o programa de Residência Médica em PSF da PUC-PR e, além da ótima impressão pela qualidade do curso, pude perceber que apesar das peculiaridades da medicina de família é essencial uma certa dose de cientificismo-academicismo à boa formação do MDF. A residência em questão oferece preceptorias com especialistas (Clinica Médica, Gineco-Obstetricia, Pediatria e Psiquiatria) e tem todas as condutas pautadas na Medicina Baseada em Evidências. O que você sugere como alternativa aos programas de Residência em Saúde da Família?

    Por Blogger Unknown, às 27 de novembro de 2009 às 12:01  

  • Minha cara, vc somente está repetindo o modelo cubano de saúde pública, que diga-se, é uma porcaria, mas é claro, falsamente "propagandeada" como a melhor do mundo. É claro, para um país falido como Cuba, não existe outra solução, ou é a medicina familiar, ou é medicina nenhuma, vez que o estado cubano, e nem o seu povo, tem condições de investir em medicina especializada. É um bom modelo pra Cuba mas para o Brasil não serve. Acho louvável a sua vocação em ajudar os mais necessitados, e realmente acredito que o modelo da medicina familiar aproxima mais o médico do cidadão. Mas quantos médicos precisaríamos, milhares com certeza. Vc se sujeitaria a receber o salário de 50 dólares por mês que o estado cubano paga aos seu médicos? Assim, nota-se que a conta não fecha, pois, não teríamos condições de remunerar com um salário digno os milhares de médicos a que esse modelo se propõe - somente Cuba o consegue por se tratar de uma ilha-prisão. Portanto, cara aluna de medicina, não perca tempo, e dinheiro do contribuinte, reverberando propaganda comunista. Estude bastante, seja uma médica competente, - não tenho dúvidas disso -, somente assim um dia você poderá retribuir o dinheiro que o estado brasileiro investiu em você. Sucesso p/ vc.

    Por Blogger Unknown, às 14 de janeiro de 2010 às 17:04  

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